As palavras de Saramago
Catálogo, 2010.
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Catálogo, 2010.
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Capa de Hélio de Almeida para As palavras de Saramago livro organizado por Fernando Gómez Aguilera |
"Aonde vai o escritor, vai o cidadão", costumava dizer José Saramago. E como cidadão pleno, que não se contentava em ser apenas eleitor e consumidor, ele intervinha sempre na esfera pública, manifestando-se sobre as questões políticas do momento, protestanto contra desigualdades e injustiças, defendendo uma ética da responsabilidade e do respeito, ou simplesmente falando com lucidez e pertinência de sua arte de romancista.
Dividida em três grandes seções centradas na pessoa, no escritor e no cidadão José Saramago, esta coletânea recolhe declarações suas extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas publicados em diversos países no longo de três décadas e meia.
Polêmico, provocador, combativo, o escritor sempre exerceu seu pensamento crítica sem censura, dizendo exatamente o que pensava. Era comunista, mas criticava o comunismo real - gostava de se classificar como um "comunista literário" - e dizia que não utilizava a literatura para fazer política. Via com pessimismo a globalização financeira do mundo, a devastação do meio ambiente e a sociedade dominada pelo consumo, mas gostaria de inaugurar uma Internacional da Bondade e considerava a Declaração dos Direitos Humanos o documento básico para o estabelecimento da justiça no planeta. Sobretudo, indignava-se com o que considerava o totalitarismo do poder econômico no mundo capitalista e o que chamava de "concubinato" entre esse poder, a política e os meios de comunicação de massa. E concluía de forma radicalmente crítica: "Ao poder, a primeira coisa que se diz é não".
Essas palavras de Saramago compõem o retrato falado de um escritor que exerceu seu ofício com o profissionalismo de um operário, a pertinácia de um militante político, a consciência de um cidadão e a visão ampla de um verdadeiro intelectual.
[Orelha da edição brasileira publicada pela Companhia das Letras, 2010]