Poente

+A +/- -A
Que podes mais dizer-me que não saiba,
Veia do sol sangrada para a terra,
Manso esgarçar de névoa refrangida
Entre o azul do mar e o céu vermelho?
Já há tantos poentes na lembrança,
Tantos dedos de fogo sobre as águas,
Que todos se confundem quando, noite,
Posto o sol, se fecham os teus olhos.



_________
SARAMAGO, José. Os poemas possíveis. 3a. ed. Lisboa: Caminho, 1981.