Nesta secreta guerra em que persisto

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Nesta secreta guerra em que persisto,
Tudo está certo, não desejo paz.
E se nem sempre fujo ao velho jeito
(Herdado doutra era)
De bater com os punhos no meu peito,
Não é por gosto de gritar desgraça,
Mas porque a vida passa,
E mesmo quando aceito,
O coração à espera desespera.


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SARAMAGO, José. Os poemas possíveis. 3a. ed. Lisboa: Caminho, 1981.