Este livro sobre o romance de José Saramago articula três veios de pesquisa: 1) A reflexão em torno de questões teóricas e ideológicas diretamente relacionadas com as tensas conexões que o romance pós-moderno estabelece entre história e ficção. Saramago é um dos escritores contemporâneos que mais tem contribuído, no plano da escrita, para a revisão dessas conexões criativas e discursivas. 2) A releitura da narrativa “O ano da morte de Ricardo Reis”, em processo de exegese que transcende o texto e inclui a abordagem de um mito chamado Fernando Pessoa, bem como uma certa forma de aproximação ao real (o imaginário da cidade de Lisboa) que o romance concretiza. 3) A valorização de elementos textuais que suportam o trabalho do escritor, elementos que o estudo de Roani identifica e percorre, com propósito crítico. Nessa perspectiva, a imprensa portuguesa de 1935 e 1936 ocupa aqui um lugar destacado, a par da noção de intertexto, noção fundamental que sustenta, no caso da obra saramaguiana, o vaivém entre o real a ficção.