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A narrativa de José Saramago marca-se numa constante reflexão acerca de inúmeras questões perpendiculares à essência e à existência do homem, da sociedade e da contemporaneidade. Acerca da interferência do existencial em sua obra, entendemos como reflexos do Existencialisme – movimento de base filosófica erguido na sociedade européia pós-Segunda Guerra e que considera o homem como um ente finito, limitado às suas capacidades e lançado ao determinismo do mundo, que pode anular todas as possibilidades e levá-lo ao fracasso. Certamente, ao estilo literário incorporam-se determinados recursos a fim de, sob literatura abordar tais aspectos. Exemplo é o uso de enxertos metafóricos por um narrador que instrumentaliza a palavra e invade, poeticamente, o pensamento, a voz e a mente do leitor. Por tais aspectos, compreendemos no campo metafórico dessa narrativa um diálogo com o Existencialisme de Jean-Paul Sartre. Nesse diálogo com o próprio texto, buscaremos bases na matéria extraída de O conto da Ilha Desconhecida, obra do escritor português, para analisar: a inserção do sujeito no mundo do devir, compreendendo o comportamento e atitudes do personagem central do texto; refletir acerca do ser no mundo, enxergando-o na perspectiva do sujeito que se põe alheio (entregue) às possibilidades que se abrem à sua vida a custo da busca; e, em linhas gerais, refletir acerca da constituição do ser.