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1914-1918
Primeira Guerra Mundial. As forças expedicionárias portuguesas participam em missões de combate no território francês. José de Sousa, o pai de José Saramago, desempenha nela a função de artilheiro.

Em novembro de 1917, eclode a chamada Revolução de Outubro na Rússia.


Francisco de Sousa, o único irmão de José Saramago. Foto: El País
1920
Nasce Francisco de Sousa, o único irmão de José Saramago.

1921
Em 19 de outubro de 1921, em Portugal, uma sublevação cívico-militar de esquerda radical abala a Primeira República. Na "noite sangrenta", o primeiro-ministro e vários outros ministros são assassinados pelos revoltosos.

Fundação do Partido Comunista Português (PCP).

1922
Em 16 de novembro, nasce José Saramago, na Rua da Alagoa de Azinhaga (Ribatejo, Golegã, Portugal), no seio de uma família de camponeses - José de Sousa, o pai, era jornaleiro e Maria de Jesus, a mãe, doméstica.

1924
A família muda-se para Lisboa, onde o pai irá trabalhar na Polícia de Segurança Pública (PSP). Apesar da mudança, Saramago conservaria laços bastantes próximos com o mundo rural de Azinhaga durante a infância até a adolescência, passando nele longas temporadas em companhia dos avós maternos, Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha.
 
Em 22 de dezembro, o irmão Francisco morre de broncopneumonia.
 
1926
O golpe de 28 de maio põe fim à Primeira República e instaura uma ditadura militar no País.
 
1927
Levantamentos de civis e militares contra a ditadura. Em fevereiro, o Porto fica alguns dias sob domínio dos revoltosos, mas os bombardeios das forças governamentais levam à sua derrota e deixam cerca de quatrocentos mortos. Em Lisboa, o movimento faz-se sentir com menos intensidade. Nas suas memórias, Saramago guardaria o que crê ter sido o som dos estouros dos proéteis lançados de e contra um acampamento rebelde na zona de Castelo.
 
A revista Presença começa a ser publicada em Coimbra por José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca. Marca o início do chamado "segundo modernismo" na história literária portuguesa.
 
1928
Em abril, José Saramago é internado com rinite e angina durante oito dias no Instituto Bacteriológico Câmara Pestana. O fato foi, à mente do escritor, uma de suas mais antigas recordações da infância.
 
1929
Frequenta um estabelecimento particular da rua Morais Soares, onde começa a aprender as primeiras letras.
 
Mais tarde, quando da sua inscrição na escola primária da Rua Martens Ferrão descobre-se que um funcionário do Registo Civil da Golegã incluiu como apelido na sua certidão de nascimento a alcunha familiar, Saramago. Desta forma, torna-se o primeiro Saramago da família Sousa. Se assim não tivesse acontecido, o seu nome seria José de Sousa.
 
1930
Muda-se para a escola primária do Largo do Leão.

Durante estes anos e os seguintes a família Sousa tem uma vida difícil, morando em quartos alugados e em várias ruas de Lisboa: Quinta do Perna-de-Pau, Rua E (hoje Rua Luís Monteiro), Rua Carrilho Videira, Rua dos Cavaleiros, Rua Padre Sena Freitas.

1932
Entre 1929-1932 tem feito da primeira à quarta série do Ensino Básico, sendo que de 1931 para 1932, conclui dois anos num único ano letivo.

Matricula-se no Liceu Gil Vicente, onde inicia Estudos Secundários, frequentando dois cursos (liceal e técnico).

1933-1934
Nos anos letivos de 1933-1934 e 1934-1935, José Saramago frequentou o Liceu Gil Vicente (à época situado dentro do próprio Convento de São Vicente de Fora).

Em 18 de janeiro de 1934, greve geral fracassada e revolta de operários vidreiros da Marinha Grande, que tomam conta da cidade e são bombardeados pelas forças governamentais.

Hitler institui a ditadura nazista depois do seu partido ter ganho as eleições e a pretexto do incêndio do edifício do Parlamento em Berlim.

Mensagem, de Fernando Pessoa é preterido num concurso literário impulsionado no âmbito da "política do espiríto".

1935
Por falta de recursos financeiros da família, Saramago abandona o Liceu Gil Vicente e transfere-se para a Escola Industrial de Afonso Domingues, onde estudará até 1940.

Em novembro, falece Fernando Pessoa.

1936 
O primeiro livro que possui é-lhe oferecido pela mãe: A Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg.

À época da instituição oficial da Mocidade Portuguesa, mostra aversão intuitiva à arrigimentação dos jovens pelo regime e manobra discretamente para evitar o fardamento e instruções.

Em julho, levantamento dos fascistas sob as ordens de Franco contra o governo de esquerda legitimamente eleito na Espanha. Início da guerra civil que durará três anos. Saramago segue os acontecimentos pela ráido e pelos jornais até o momento em que intui ter apenas a seu dispor a versão oficial e deturpada da evolução do conflito.

O pai ascende ao posto de subchefe na PSP.

1938
A família muda-se para um pequeno andar independente no número 15 da rua Carlos Ribeiro, em Penha de França. É pela primeira vez que a família vive sozinha em Lisboa depois de várias moradas partilhadas com outras pessoas. Neste endereço morou até 1944.

1939
Alves Redol publica o romance Gaibéus. Era o início de um período de cerca de quinze anos em que o neorrealismo dominaria a literatura portuguesa, sobretudo no domínio da ficção.

Em setembro começa a Segunda Guerra Mundial.

1940
Conclui os estudos de Serralharia Mecânica no Escola Industrial de Afonso Domingues. Consegue o seu primeiro emprego provisório como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa.

O jovem Saramago começa a frequentar assiduamente bibliotecas públicas, com destaque para a Biblioteca Municipal do Palácio das Galveias, em Campo Pequeno. Contudo, seria na biblioteca da própria Escola Industrial de Afonso Domingues que viria a descobrir casualmente nas páginas da revista Athena o heterônimo pessoano Ricardo Reis, julgando durante algum tempo tratar-se realmente de um poeta de "carne e osso". No mais, ia "lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre", nas palavras do próprio Saramago.

Dataria provavelmente desse ano o início do namoro com Ilda Reis.

1941
Em 10 de novembro é contratado como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa.

1942
Passa a ocupar o lugar de escrevente nos mesmos Hospitais Civis de Lisboa.

É publicada a antologia pessoana de Adolfo Casais Monteiro.

1943
Trabalha na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria de Cerâmica, de onde foi afastado em 1949, em consequência do seu apoio à campanha eleitoral de Norton de Matos, o candidato da oposição à Presidência da República.

1944
Casa-se com a pintora Ilda Reis.

1945-1946
Dando continuidade a um impulso para a escrita que parece ter começado ainda em 1944, Saramago escreve recorrentemente poesia. Dessa época conservam-se mais de quarenta poemas inéditos e datilografados.

Fim da Segunda Guerra Mundial.

Manifestações de massas de regozijo em Portugal pelo fim do conflito e pela vitória das forças aliadas. Esperanças de democratização do Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Com a I Exposição Geral de Artes Plásticas, os neorrealistas começam também a dominar o panorama da pintura nacional. Entretanto, as obras de Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Manuel da Fonseca, Fernando Namora e outros asseguravam a essa corrente literária de inspiração marxista o controle indiscutível da literatura nacional, sobretudo no romance.

1947
Publica Terra do Pecado, o seu primeiro romance, intitulado inicialmente A Viúva.

Nasce a sua única  filha, Violante Saramago.

Ainda dessa época até por volta de 1953, escreve numerosos poemas, contos - alguns dos quais são publicados em revistas e jornais - e esboça a redação de pelo menos quatro romances, dos quais apenas conclui um - Clarabóia.

Constituição do Grupo Surrealista de Lisboa.

1948
Morre Jerónimo Melrinho, o avô materno.

1949
Campanha antirregime do general Norton de Matos para a presidência da República com o apoio de amplos setores de massas. Na ausência de condições mínimas de equidade do ato eleitoral, a candidatura desiste de ir às urnas. A ditadura salazarista intensifica a repressão sobre os oposicionistas, predendo, entre muitos outros, o líder comunista Álvaro Cunhal.

1950
Começa a trabalhar na Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Previdente, fazendo cálculos de subsídios e de pensões, graças à mediação do seu antigo professor Jorge O´Neil.

1953
Termina Clarabóia, romance inédito, com que encerra uma série de infrutíferas tentativas narrativas que aborda sob títulos como O Mel e o Fel, Os Emparedados e Rua.

Agustina Bessa-Luís publica A sibila com êxito de crítica e público. Primeiro sintoma da decadência do domínio dos neorrealistas no romance português.

No mesmo ano, Carlos de Oliveira renova ficção neorrealista com Uma abelha na chuva.

1955
Conhece ao acaso o crítico musical Humberto d'Ávila, e isso conduziria ao convite por parte Nataniel Costa, então diretor literário da editora Estúdios Cor, para a colaboração do escritor com o setor de produção da editora. O seu nome começa a ser conhecido no campo da literatura e da cultura. Inicia a sua atividade como tradutor, cifrada em mais de sessenta títulos, até meados da década de oitenta. Na segunda metade da década de cinquenta traduz cerca de dezesseis livros, entre eles de autores como Colette e Tolstói.

Muda-se para Parede, onde ficaria até 1970.

1958
Campanha do general Humberto Delgado contra o regime salazarista ganha amplos setores da população portuguesa. Embora Saramago frequentasse reuniões do grupo Seara Nova e tivesse já havia anos, uma clara consciência antifascista, não parece ter tido nenhum papel mais ativo no âmbito das redes de apoio a Humberto Delgado.

1959
O diretor literário da Editora Estúdios Cor, convida Saramago para substituí-lo localmente à frente da editora. Abandona a Companhia Previdente para trabalhar exclusivamente na editora Estúdios Cor.

A Revolta da Sé, contra salazarismo, rebenta em Lisboa.

Eclode a Revolução Cubana, que acabaria por levar à expropriação da burguesia local e das empresas estrangeiras, designadamente as estadunidenses.

1960-1962
Por intermédio do trabalho na editora Estúdios Cor, mantém correspondência com Jorge de Sena, Adolfo Casais Monteiro, Fernando Namora, Urbano Tavares Rodrigues e outros nomes já então relevantes no panorama literário português.

Em 1961, sai Filho do homem, livro de poemas de José Régio que Saramago considera relevante para ter voltado a escrever poesia.

Os anos de 1961 e 1962 revelam-se decisivos para fragilização da ditadura salazarista: início da guerra colonial na África; assalto de revoltosos ao Quartel de Beja; sequestro do paquete Santa Maria; greve vitoriosa dos assalariados agrícolas alentejanos; crise acadêmica.

A poesia experimental torna-se a máxima expressão da escrita de vanguarda nos meios literários portugueses, sendo Ernesto de Melo e Castro o seu principal mentor. Por seu turno, a ficção começa a ser invadida pela onda do Nouveau Roman com nomes como Almeida Faria, Artur Portela Filho ou Alfredo Margarido.

Alves Redol publica Barranco de cegos.

1964
Em 13 de Maio morre o pai, no Hospital dos Capuchos, aos sessenta e oito anos de idade.

1966
Depois de quase vinte anos sem publicar nenhum livro, é editado o seu primeiro livro de poesia, Os Poemas Possíveis.

Ao longo desta década continua a sua actividade de tradutor, se bem que com mais moderação. Traduz, entre outros, Colette, Cassou, Audisio, Maupassant e Bonnard.

1967-1968
Colabora como crítico literário na revista Seara Nova. Nesta condição, escreve sobre vinte e três livros de ficção, entre eles títulos de Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Júlio Moreira, Alice Sampaio, Augusto Abelaira, Urbano Tavares Rodrigues, José Cardoso Pires, Rentes Carvalho, Nelson de Matos, Manuel Campos Pereira.

Escreve regularmente crônicas para o jornal A Capital, nas seções Rua Acima, Rua Abaixo e Deste Mundo e do Outro.

1969
Filia-se no Partido Comunista Português.

Faz a sua primeira viagem ao estrangeiro. Primeiro Paris; depois Espanha, Itália e Inglaterra.

Falece a sua avó materna, Josefa Caixinha.

1970
Publica o livro de poemas Provavelmente alegria.

Divorcia-se de Ilda Reis e vai morar em Lisboa, depois de doze anos em Parede.

Inicia relacionamento com a escritora Isabel de Nóbrega.

Fundação do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), no qual milita Violante Saramago, sua filha.

1971
Deixa a editora Estúdios Cor.

Sob o título Deste mundo e do outro, reúne as crônicas publicadas no jornal A Capital entre os anos de 1968 e 1969.

Continua a colaborar com crônicas aos jornais A Capital e Jornal do Fundão.

1972
Trabalha como editorialista no Diário de Lisboa.

Nasce a sua primeira neta, Ana.

1973
Continua como editorialista no Diário de Lisboa.

Publica pela Estúdios Cor O Embargo.

Publica A Bagagem do Viajante, segundo volume das crônicas publicadas nos jornais diários A Capital e Jornal do Fundão entre os anos de 1971 e 1972.

Passa a diretor do suplemento literário do Diário de Lisboa.

1974
Colabora com a revista Arquitectura.

Após a Revolução do 25 de Abril, trabalha como coordenador da equipe do Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis (FAOJ), sob dependência do Ministério da Educação.

Colabora como assessor do Ministério da Comunicação Social.

Publica o volume de crônicas As opiniões que o DL teve, onde colige os editoriais que publicou anonimamente no Diário de Lisboa entre 1972 e 1973.

Em 28 de setembro eclodem golpes da direita revolucionária para reverter o chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC). Após a derrota do último desses golpes, o PREC acelera-se vertiginosamente: a banca, os seguros e as principais empresas monopolistas são nacionalizados; o número de empresas e terras ocupadas sob o controle dos trabalhadores aumenta bastante, conformando-se a reforma agrária; desagregação dos militares com fortes divisões no Movimento das Forças Armadas (MFA) e com o aparecimento de organismos embrionários de duplo poder nos quartéis.

1975
Publica no Diário de Notícias o Primeiro e Segundo Poema dos Mortos.

Em 9 de abril é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias. Acusado de radicalismo marxista, vive um tumultuoso momento de crise, paralelo à evolução política moderada da Revolução, que o afasta do jornal, sem sequer receber apoio do seu partido.

Ao ficar desempregado no 25 de Novembro, decide não procurar outro trabalho e dedicar-se exclusivamente à escrita e à tradução. Os seus únicos rendimentos provêm das traduções, e intensifica esta atividade; a partir deste ano, verte para português, entre 1976 e 1979, cerca de vinte e sete obras, muitas delas de carácter político: Frémontier, Jivkov, Moskovichov, Pramov, Grisnoni, Poulantzas, Bayer, Hegel, Romain.

Integra o Movimento Unitário de Trabalhadores Intelectuais para a Defesa da Revolução (MUTI).

Publica o livro de poemas O Ano de 1993.

1976
Faz uma recompilação das crônicas escritas para o Diário de Notícias, e publica com o título de Os apontamentos.

Publica o romance Manual de pintura e caligrafia.

1977
Muda-se durante uns meses para Lavre, Montemor-o-Novo, onde convive com trabalhadores da Unidade Colectiva de Produção Boa Esperança, com o objetivo de preparar o seu romance Levantado do Chão.

1978
Publica o livro de contos Objecto quase.

1979
Publica a peça de teatro A noite. Passa à editora Caminho. Ganha o primeiro prêmio da carreira - Prêmio da Associação Portuguesa de Críticos.

É publicado a coletânea Poética dos cinco sentidos, livro de contos em que vários escritores escrevem sobre os sentidos. A colaboração de José Saramago intitula-se O ouvido.

Colabora com a revista Seara Nova, o jornal Extra e também para o órgão oficioso do PCP, O Diário.

O Círculo de Leitores lhe encomenda um livro de viagens sobre Portugal.

1980
Em fevereiro, publica Levantado do chão, que marca o início do chamado estilo saramaguiano. O livro se torna sucesso de crítica e de público; é-lhe atribuído o Prêmio Cidade de Lisboa.

Publica a peça de teatro Que farei com este livro?, representada, nesse mesmo ano, no Teatro de Almada.

Entre esta data e 1985 traduz cerca de dez títulos de vários autores: Bautista, Honoré, Jivkov, Duby, Hikmet.

1981
Publica Viagem a Portugal com tiragem de 30 mil exemplares.

1982
Em 8 de agosto, morre sua mãe, Maria da Piedade, aos oitenta e um anos.

Publica Memorial do convento. O livro se torna Best-seller. A obra recebe os prêmios literários do PEN Club e do Município de Lisboa.

Sai a tradução para russo e para o alemão do seu romance Levantado do chão.

1983
Sai a tradução para o italiano de Memorial do convento.

1984
Publica O ano da morte de Ricardo Reis.

Nasce o neto, Tiago.

1985
É nomeado Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada pelo Presidente da República, Mário Soares.

Recebe o Prêmio Pen Club 1985 pelo romance O Ano da Morte de Ricardo Reis e o Prêmio da Crítica 1985, pela Associação Portuguesa de Críticos.

1986
Publica A jangada de pedra

Primeira tradução para o espanhol de sua obra O ano da Morte de Ricardo Reis.

Primeira tradução de Memorial do convento para o inglês.

Saramago termina o relacionamento com Isabel da Nóbrega. Em junho, conhece a jornalista espanhola Pilar del Río.

Portugal entra para Comunidade Europeia (CEE).

Recebe o Prêmio Dom Dinis (Fundação Casa de Mateus) pela obra O Ano da Morte de Ricardo Reis.

Colabora como cronista ao espaço A Letra da Tabuleta no Jornal de Letras.

1987
Publica peça de teatro A Segunda Vida de Francisco de Assis, levada à cena posteriormente no Teatro Aberto.

Recebe o Prêmio Grinzane-Cavour (Alba, Itália) atribuído a O Ano da Morte de Ricardo Reis.

1988
Em outubro, casa-se com Pilar del Río.

1989
Publica História do cerco de Lisboa.

É eleito nas listas unitárias Por Lisboa para a Assembleia Municipal de Lisboa e preside esse órgão durante breves meses antes de se demitir, em atrito com o aparelho do PCP. Nunca mais o escritor assumiria papel ativo como quadro com responsabilidades partidárias.

1990
Estreia no Teatro Alla Scalla de Milão a ópera Blimunda, com libreto do músico italiano Azio Corghi baseado no romance Memorial do Convento.

1991
Publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra agraciada com o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, que o escritor doa para a compra de livros destinados à África lusófona, e com o Prémio Brancatti (Zafferana, Itália).

É nomeado Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Turim e Sevilha.

O governo francês concede-lhe o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.

A Lello Editores publica a sua obra completa em três tomos.

Dá-se a segunda maioria absoluta do PSD. O PCP está reduzido a uma votação historicamente baixa, com menos de 8%. Nesse ano ocorre a Primeira Guerra do Golfo.

Em agosto, a linha dura do stalinismo soviético tenta um golpe militar em Moscou, mas fracassa. Ocorre a dissoulção do PCUS e da União Soviética.

1992
Tem o romance O evangelho segundo Jesus Cristo censurado à concorrer o Prêmio Literário Europeu. Segundo Sousa Lara, da Secretaria de Estado da Cultura, então dirigida por Santana Lopes, o livro seria ofensivo para o catolicismo do povo português. A polêmica chega ao Palarmento Nacional e às mais altas instâncias da Comunidade Europeia.

Na Itália, recebe o Prêmio Internacional Ennio Flaiano (Pescara, Itália) atribuído ao romance Levantado do Chão e o Prémio Literário Internacional Mondello (Palermo, Itália).

1993
Muda-se para Lanzarote.

A convite da municipalidade alemã de Münster, escreve e publica a peça de teatro In Nomine Dei, que é distinguida com o Grande Prêmio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores. Torna-se membro do Parlamento Internacional de Escritores, com sede em Estrasburgo.

É-lhe atribuído o The Independent Foreign Fiction Award (Inglaterra) pelo O Ano da Morte de Ricardo Reis (tradução inglesa).

Recebe o Prêmio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.

Estreia no teatro de Münster, Alemanha, a ópera Divara, com música de Azio Corghi e libreto baseado na peça In Nomine Dei.

1994
Publica o primeiro volume de Cadernos de Lanzarote; a obra viria a ter cinco edições e constitui peça fundamental a compreensão biográfica do escritor.

Ingressa na Academia Universal das Culturas (Paris), na Academia Argentina de Letras e no Patronato de Honra da Fundação César Manrique (Lanzarote).

É nomeado Presidente Honorário da Sociedade Portuguesa de Autores.

Em meados e fins de 1994, os incidentes na Ponte 25 de Abril e as ações radicais dos vidreiros da Marinha Grande sinalizam o fim do cavaquismo.

Revolta zapatista no estado mexicano de Chiapas.

1995
Publica Ensaio sobre a cegueira, cujo estilo alegórico inaugura um novo ciclo na sua obra.

Ganha o Prêmio Camões pelo conjunto da obra.

É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Manchester (Inglaterra).

Estreia de A Morte de Lázaro, com música de Azio Corghi e libreto baseado nas obras In Nomine Dei, O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento.

Recebe o Prêmio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.

Finda o cavaquismo.

1996
Viaja ao Brasil para receber o Prêmio Camões.

1997
Publica Todos os nomes.

A pedido dos organizadores do Pavilhão de Portugal na EXPO’98, publica O conto da ilha desconhecida.

Doutor Honoris Causa, Universidade de Castilha-la-Mancha (Espanha).

1998
Recebe, em outubro, o Prêmio Nobel de Literatura - o primeiro atribuído a um escritor de língua portuguesa.

É-lhe atribuído o Prêmio Scanno/Universidade G. D'Annunzi pelo livro Objecto Quase.

1999
Publica Folhas políticas - uma reunião de textos publicados entre 1976 e 1998.

Visita e permanece durante alguns dias no México, com os Zapatistas.

Multiplicam-se os títulos de Doutor Honoris Causa: Universidade de Évora (Portugal), Universidade de Nottingham (Inglaterra), Universidade de Porto Alegre (Brasil), Universidade de Minas Gerais (Brasil), Universidade de Santa Catarina (Brasil), Universidade de Rio de Janeiro (Brasil), Universidade de Massachusetts (EUA), Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha), Universidade Pontifícia de Valência (Espanha), Universidade de Rio Grande do Sul (Brasil), Universidade de Fluminense (Brasil), Universidade de Michel de Montaigne (França).

Recusa o Honoris Causa da Universidade do Pará por considerar que o governo do Estado reprime camponeses do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

2000
Publica A caverna.

Recebe a Medalha de Ouro que lhe é outorgada pelo Governo de Canárias.


O títulos de Doutor Honoris Causa: Universidade de Salamanca (Espanha), Universidade de Santiago do Chile (Chile), Universidade do Uruguai (Uruguai).

2001
Publica o livro infantil A maior flor do mundo.

Volta ao México para apoiar a marcha zapatista de março.

Recebe o Prêmio Canárias Internacional concedido pelo Governo de Canárias e as titulações de Doutor Honoris Causa: Universidade de Granada (Espanha), Universidade Carlos III (Espanha) e Universidade de Roma (Itália).

2002
Publica O homem duplicado.

Recebe o título de Doutor Honoris Causa, Universidade de Stranieri de Siena (Itália).

Em março, compara a situação da Palestina ocupada ao holocausto nazista, suscitando uma viva polêmica na imprensa internacional.

2003
Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa, Universidade Autónoma do México (México), Universidade de Tabasco (México) e Universidade de Buenos Aires (Argentina).

Em fevereiro, mobilização mundial contra a Segunda Guerra do Golfo. Na Espanha, mais de 80% da população está contra e o apoio de Aznar a ela. Numa manifestação de meio milhão de pessoas em Madri, Saramago a encabeça e lê o manifesto unitário do ato.

Em abril, num artigo publicado no jornal espanhol El País, Saramago critica duramente o regime cubano devido ao fuzilamento de três cidadãos que haviam sequestrado um barco para rumar aos Estados Unidos e a processos jurídico-políticos dúbios contra mais de setenta dissidentes anticastristas.

2004
Publica Ensaio sobre a lucidez.

Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa: Universidade Charles de Gaulle (França), Universidade de Alicante (Espanha), Universidade de Coimbra (Portugal) e Universidade de Brasília (Brasil).

2005
Publica a peça Don Giovanni ou o dissoluto absolvido. No mesmo ano, a obra ganha tradução para o italiano. Doutor Honoris Causa, Universidade de Edmonton (Canadá).

Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa, Universidade Nacional de El Salvador (El Salvador), Universidade Nacional de São José da Costa Rica (Costa Rica) e Universidade de Estocolmo (Suécia).

Em fins de Julho a Companhia de Teatro O Bando estreia uma adaptação teatral de Ensaio sobre a Cegueira no Teatro da Trindade. A dramaturgia e a encenação são de João Brites.

Compra uma casa em Lisboa, no Bairro do Arco do Cego, que a partir de finais de outubro lhe serviu de residência durante as suas permanências na capital.

Publica As Intermitências da Morte. No Teatro Nacional de São Carlos tem lugar uma iniciativa inédita: a apresentação conjunta das edições portuguesa, brasileira, catalã, italiana e espanhola (De Espanha e da América falante do castelhano), com leituras de excertos da obra em todas estas línguas, num ato de homenagem à diversidade cultural. A edição foi impressa em papel "amigo das florestas", por acordo entre José Saramago, editores e a Greenpeace. A música de Bach - seu compositor preferido - foi o fundo musical do evento.

2006
É nomeado Filho Predilecto da Província de Granada.

Em fevereiro começa a escrever As Pequenas Memórias, concluindo o livro em agosto. A obra foi uma das que mais levaram tempo para ser escrita - trata-se de um projeto concebido e amadurecido durante mais de vinte anos.

É inaugurada a biblioteca de sua casa em Tías, Lanzarote.

Publica As Pequenas Memórias. O lançamento é feito na Azinhaga, coincidindo com a passagem de seus 84 anos.

É-lhe atribuído o Prémio Dolores Ibarruri.

Doutoramento Honoris Causa, Universidade de Dublin, no Bloomsday (Irlanda).

Em Guadalajara, México, procede-se à leitura teatral de As Intermitências da Morte com Gael Diaz Bernal.

Petras, Gracia, Concerto A Maior Flor do Mundo, baseado no livro homônimo.

Estreia em Lisboa Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, no Teatro Nacional de São Carlos.

Estreia Milão, no Teatro Alla Scalla, Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido.

2007
Em janeiro, Luis Pastor apresenta o CD Nesta Esquina do Tempo, em que são musicados poemas de Saramago.

Em fevereiro começa a escrever A Viagem do Elefante. Escreve até maio cerca de quarenta páginas, mas depressa o interrompe por problemas de saúde. Só voltará a pegar-lhe em fevereiro do ano seguinte.

Em março, é levado à cena, em Nova Iorque, o seu romance Ensaio sobre a Cegueira, pela mão do diretor artístico da Godlight Theater Company.

É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Autónoma de Madrid.

É apresentado, na Corunha, La flor más grande del mundo, uma curta-metragem de animação baseada no conto homônimo, dirigido por Juan Pablo Etcheverry e com música de Emilio Aragón.

Estreia em Helsínquia Baltasar e Blimunda, espectáculo musical realizado sobre textos do Memorial do Convento e música de Domenico Scarlatti. Na obra, criada e dirigida por Lisbeth Landefort, intervêm, além de uma voz recitante, a cravista Elina Mustonen, a soprano Sirkka Lampimäki e a bailarina Lili Dahlberg. O espetáculo estreiou, depois, em Madrid, dia 16 de novembro, para celebrar os 85 anos do escritor; depois, Lisboa, em 18 de novembro; e em Lanzarote, em 13 de janeiro de 2008.

Em abril termina o texto As sete palavras do homem;  uma encomenda de Jordi Savall para acompanhar a sua gravação da versão orquestral de As sete últimas palavras de Cristo na cruz, de Joseph Haydn, à frente da orquestra Le Concert des Nations. O texto de Saramago reproduz-se no folheto que acompanha o CD.

Dia 29 de junho é criada a Fundação José Saramago, não apenas com o objetivo de promover a conservação, o estudo e o conhecimento da sua obra mas também de intervir social e culturalmente, de impulsionar ações a favor do ambiente e de contribuir para a promoção ativa dos direitos humanos.

Em Cartagena das Índias, Colômbia, intervém perante um fórum de líderes da América organizado pela Fundación Carolina, para falar da necessidade da emergência do mundo indígena na América. O outro lado da lua foi o título da sua intervenção.

Em 16 de Julho, em Castril, Granada, Espanha, realiza-se uma renovação dos votos matrimoniais com Pilar del Río.

Em setembro recebe o Prêmio Save the Children pela sua contribuição na defesa dos direitos da infância, juntamente com Graça Machel, Jane Fonda e Anne Sophie Mutter.

Em outubro viaja para a Argentina, para assistir à reunião do júri do Prémio Clarín de romance e visitar o Memorial aos desaparecidos da ditadura com as Mães e as Avós de Maio, que iam falando dos nomes dos seus filhos como se os nomes fossem pessoas. Saramago acariciou as pessoas, embora fosse em cadeira de rodas. Regressa a Espanha muito debilitado por uma pneumonia, tendo que ingressar num hospital de Madrid.

Em novembro a Fundação César Manrique (Lanzarote) inaugura uma grande exposição, comissariada por Fernando Gómez Aguilera, dedicada à sua vida e à sua obra literária, intitulada José Saramago. A Consistência dos Sonhos. Além de inéditos descobertos durante o período preparatório da mostra, reúne abundantes manuscritos, primeiras edições, material documental, agendas pessoais, jornais e revistas, cadernos de notas, obras e documentos audiovisuais, traduções, num total de mais de um milhar de documentos.

Depois de treze anos de afrontas e coincidindo com o 25º aniversário da primeira edição de Memorial do Convento, a Câmara Municipal de Mafra concede-lhe a Medalha de Ouro Municipal. Saramago aceita a distinção "em nome do povo de Mafra".

Em dezembro representa-se no Centro Andaluz de Teatro (CAT), em Sevilha, a sua peça de teatro In Nomine Dei, encenada por José Carlos Plaza e produzida pelo próprio CAT.

Representação da peça Que Farei com Este Livro? pela Companhia de Teatro de Almada em Almada (Portugal).

A 18 de dezembro dá entrada num hospital de Lanzarote, acometido por uma pneumonia que evoluirá, com complicações, ao ponto de por sua vida em risco. Fica hospitalizado um mês e três dias.

2008
Em 22 de janeiro tem alta hospitalar e regressa a casa.

No dia seguinte a abandonar o hospital, retoma a escrita de A Viagem do Elefante, interrompida pela doença. Os dois primeiros dias dedica-os à correção do que já estava escrito - cerca de quarenta páginas e no terceiro já avança na história.

A Fundação José Saramago é reconhecida oficialmente pelo governo português, com publicação no Diário da Oficial de 16 de fevereiro.

Em março inauguram-se as atividades da Fundação José Saramago em Lanzarote com um encontro na biblioteca entre Saramago e María Kodama para falar de Borges. A mesma atividade será organizada em Lisboa pela sua Fundação, em de Junho, subordinada ao título E se falássemos de Borges?.

Primeiros ateliers com escolas no auditório da Fundação José Saramago em Lisboa (Portugal) a propósito da curta-metragem de animação A Maior Flor do Mundo, disponível, agora, em DVD e em versão bilingue.

Homenagem a José Saramago no Teatro Nacional Dona Maria II / Companhia de Teatro de Almada e descerramento de uma placa de homenagem ao escritor) no TNDM II em Lisboa (Portugal).

Recebe, em sua casa, em Lanzarote, o ministro da Cultura de Portugal, José António Pinto Ribeiro.

Em abril viaja à Lisboa, onde no dia 23 se inaugura, com a presença do primeiro-ministro do seu país, a Exposição José Saramago. A Consistência dos Sonhos, organizada, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda, pelo Ministério da Cultura português (Instituto dos Museus e Conservação IMC, Biblioteca Nacional de Portugal BNP e Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas DGLB). Durante a sua permanência de três meses em Lisboa, continua escrevendo A Viagem do Elefante.

Em maio, o Festival de Cinema de Cannes abre com o filme Blindness, uma adaptação do romance Ensaio sobre a Cegueira transposta para a tela pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles. Quatro dias mais tarde, Meirelles e os produtores do filme exibem-no em Lisboa em exibição particular com José Saramago.

Em 31 de maio inaugura-se uma extensão local da Fundação José Saramago em Azinhaga. Nesse mesmo dia, a sua aldeia natal gemina-se com os municípios de Tías (Lanzarote) e Castril (Granada), reunindo-se assim, simbolicamente, três municípios vinculados à história sentimental de Saramago.

Homenagem a Pilar del Río com descerramento de placa toponímica em Azinhaga.

Lançamento do livro Memórias da Terra de José Saramago Azinhaga, de José Henriques Dias, primeiro título editado pela Fundação José Saramago, em Azinhaga.

Realização de ateliers com escolas, a propósito da curta-metragem de animação A Maior Flor do Mundo, em Azinhaga (Ribatejo, Portugal), no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança.

Em julho a Fundação José Saramago realiza no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, uma homenagem a Jorge de Sena subordinada ao título Jorge de Sena - Um regresso, com a presença e participação do ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, e intervenções de José Saramago, Eduardo Lourenço, Vítor Aguiar e Silva, Jorge Fazenda Lourenço, António Mega Ferreira e Jorge Vaz de Carvalho, que procedeu à leitura de poemas do homenageado, acompanhado ao piano por António Rosado.

Em 16 de julho, a Câmara Municipal de Lisboa aprova a cedência da Casa dos Bicos à Fundação José Saramago por um período de 10 anos para que ali se instale a sua sede. No dia seguinte é assinado o protocolo de cedência entre a Câmara e a Fundação.

É lançado o site da Fundação José Saramago na Internet.

Termina, em agosto, A Viagem do Elefante.

Em setembro inicia O Caderno de Saramago um blog onde o escritor publicará regularmente os seus textos, por norma cinco artigos por semana.

Em novembro viaja ao Brasil.

A Viagem do Elefante é apresentado, pela primeira vez, na Academia Brasileira das Letras, no Rio de Janeiro, e no dia seguinte, na Sesc Pinheiros, em São Paulo; o mesmo sucederá no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. As edições portuguesa, brasileira, espanhola e catalã saem em simultâneo.

Em 29 de novembro é inaugurada a Exposição José Saramago. A Consistência dos Sonhos no Instituto Tomie Ohtake de São Paulo.

Em co-edição com a Fundação José Saramago, a Editorial Caminho imprime una edição especial limitada e numerada de A Viagem do Elefante, que inclui 15 ilustrações de Pedro Proença.

Edita-se e é apresentada uma edição especial de Levantado do Chão ilustrada por Armando Alves e coordenada por José da Cruz Santos, da editora Modo de Ler. O livro apresenta-se numa caixa com gravação e tem um prólogo de Pilar del Río.

Em 5 de dezembro escreve, na sua casa de Lisboa, a primeira página do seu novo livro, obra que conclui no dia 16 de março em Lanzarote.

Em 10 de dezembro, coincidindo com os dez anos de atribuição do Prêmio Nobel, a Fundação José Saramago realiza uma homenagem à literatura portuguesa na Casa do Alentejo em Lisboa, na qual 25 escritores, atores e jornalistas emprestam a sua voz a autores já desaparecidos. Saramago lê Fernando Namora. A Fundação distribui nesse dia na imprensa portuguesa um folheto com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a propósito do seus sessenta anos.

Em 12 de dezembro inaugura em Lisboa, com María Kodama, o Memorial a Jorge Luis Borges. 

Em 16 de dezembro apresenta a edição espanhola de A Viagem do Elefante na Casa de América, Madrid.

Em 28 de dezembro regressa a Lanzarote, depois de passar o Natal em Granada.

2009
Durante o mês de Janeiro, dedica-se a escrever o seu novo livro.

No início de Fevereiro participa numa homenagem a Jorge Sampaio, em Lisboa.

Em 1 de março estreia em Madrid o filme A ciegas, de Fernando Meirelles, adaptação cinematográfica de Ensaio sobre a Cegueira. Saramago participa, juntamente com Meirelles, na sua apresentação.

Em 4 de março inaugura-se em Albacete (Espanha) a Casa da Cultura José Saramago, com a presença do ministro da Cultura espanhol.

Em 16 de março, em Lanzarote, conclui o seu novo livro. A sua publicação só acontecerá no mês de Outubro.

Em inicio de abril, dá entrada numa clínica de Lanzarote afetado por problemas de saúde. Permanece hospitalizado quinze dias.

Em 13 de abril, abandona por umas horas a clínica para participar na mesa-redonda, Experiência de Um Sequestro, organizada conjuntamente pela Fundação César Manrique e pela Fundação José Saramago, com o político colombiano Sigifredo López, primeiramente sequestrado e libertado oito anos depois pelas FARC. Em 20 de abril deixa o hospital.

Em 16 de abril recebe em Granada (Espanha), juntamente com Dario Fo, o XI Prémio Caja Granada de Cooperación Internacional, nos atos preliminares do Hay Festival Alambra.

O Prêmio será utilizado para construir um Centro Cultural Sete Sóis Sete Luas na Ribeira Grande (Ilha de Santo Antão), em Cabo Verde. Saramago, ainda internado, não pode assistir à entrega do prémio e envia uma gravação.

Em 23 de abril, coincidindo com o Dia Mundial do Livro, a Fundação José Saramago e a Editorial Caminho publicam conjuntamente O Caderno, uma compilação dos textos diários que Saramago, desde Setembro de 2008 até meados de Março de 2009, foi publicando no seu blog O Caderno de Saramago, incorporado na página web da sua Fundação e difundido por internet.

Em 24 de abril dá-se o lançamento do livro Uma longa viagem com Saramago, da autoria de João Céu e Silva, publicado pela Porto Editora, e apresentado por Ricardo Araújo Pereira.

Em 23 de maio, no município de Almada (Portugal), inaugura-se a Biblioteca Municipal José Saramago, integrada no complexo arquitetônico do Centro Cívico do Feijó. As instalações incorporam um grande mural de catorze mil azulejos criado por Querubim Lapa.

A Editora Einaudi, que habitualmente edita a obra de Saramago na Itália, recusa a publicação de O Caderno, pelas referências críticas dedicadas ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, proprietário da empresa editora.

Em 31 de maio participa, em Azinhaga (Ribatejo, Portugal), na celebração do primeiro aniversário da extensão local da Fundação que leva o seu nome. Por tal motivo, inaugura-se uma estátua de bronze sua, de um metro e oitenta de altura, obra do artista Armando Ferreira, que o retrata sentado num banco público com um livro aberto na mão. A peça com a qual a aldeia natal do escritor o homenageia está instalada na praça da aldeia Largo da Praça , frente ao edifício da Fundação José Saramago. A escultura, impulsionada pelo presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, Vítor Guia, foi custeada por um grupo de leitores portugueses, cuja comissão foi coordenada por José Miguel Noras, membro do grupo Mais Saramago.

Em 3 de junho, sob a designação Narrar, recordar, participa num encontro com o escritor Manuel Rivas organizado em La Coruña pela Fundação Casares, a propósito da sexta edição dos Diálogos Literários de Mariñán.

Em 15 de junho, na Casa do Alentejo, a Fundação José Saramago promove uma jornada de estudo e de homenagem ao escritor português José Rodrigues Miguéis (1901-1980), intitulada Vamos ouvir José Rodrigues Miguéis e inserida no ciclo inaugurado um ano antes com Jorge de Sena.

Entre os dias 18 e 19 de junho realiza a rota portuguesa percorrida por Salomão em A Viagem do Elefante. Acompanhado pelos colaboradores da Fundação José Saramago e por alguns jornalistas, desde Belém (Lisboa) até à fronteira em Figueira de Castelo Rodrigo, seguindo um itinerário cujos objetivos fundamentais são: Constância, Castelo Novo, Belmonte, Sortelha, Cidadelhe e Castelo Rodrigo.

Em 25 de junho é apresentado em Lisboa O Caderno.

Visita as obras da Fundação na Casa dos Bicos, acompanhado pelos arquitetos responsáveis pela remodelação.

É nomeado Sócio Correspondente da Academia Brasileira de Letras.

De 15 a 18 de outubro, realiza-se a segunda edição de Escritaria, uma iniciativa que traz a criação literária para as ruas de Penafiel, mobilizando os seus habitantes e quem visita a cidade por esses dias. O tema da edição de 2009 foi dedicado a José Saramago que aí se deslocou, participando diariamente em diversos eventos em torno da sua obra, tendo sido objeto de destaque na sessão de encerramento o seu romance mais recente, Caim.

Coletiva de imprensa com José Saramago a propósito de Caim, promovida pela sua editora, Caminho, na sede das instalações do Grupo Leya em Lisboa.

No dia 30 de outubro, lançamento de Caim na Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest, em Lisboa, com a presença do autor.

Apresentação de Caim em coletiva de imprensa, no dia 3 de Novembro, na Casa de América, em Madrid, com José Saramago, e editado pela sua editora espanhola, Alfaguara.

Em 22 de novembro, na sequência da proibição da entrada em Marrocos de Aminatu Haidar (defensora incondicional dos Direitos Humanos e destacada ativista pela independência do Sahara Ocidental), José Saramago escreve-lhe uma carta de solidariedade, já no decorrer da greve de fome encetada por Aminatu e que duraria 32 dias. No dia 1 de Dezembro, visita-a no aeroporto de Guacimeta em Lanzarote onde esta permanecia ainda em greve de fome.

2010
No dia 29 de janeiro, na sequência do terremoto que abalou o Haiti, dá-se início a uma campanha de solidariedade para com o povo haitiano dando vida às palavras de José Saramago, a propósito da tragédia, Esta campanha traduziu-se no lançamento de uma edição especial do livro A Jangada de Pedra, cujas vendas reverteram integralmente a favor das vítimas do terrmeto, através Fundo de Emergência da Cruz Vermelha, e foi promovida pela Fundação José Saramago, Grupo Leya e Editorial Caminho.

No dia 5 de Fevereiro, lançamento de Biografia de José Saramago, da autoria de João Marques Lopes e publicada em co-edição pela Guerra e Paz e pelas Edições Pluma. Esta biografia não contou com a participação de José Saramago.

No dia 17, lançamento de O Caderno 2 com prefácio de Umberto Eco, uma compilação dos textos diários que José Saramago publicou no seu blog O Caderno de Saramago, desde Setembro de 2008 até Novembro de 2009.

Em 3 de março, estreia do filme Embargo, de António Ferreira, adaptado do conto homônimo de José Saramago, incluído na obra Objecto Quase.

Nos dias 14 e 15 de abril, Juan Gelman (poeta e jornalista argentino, Prêmio Cervantes de 2007) visita Lisboa. Do programa constou uma conferência de imprensa no Instituto Cervantes, uma Aula Aberta na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, e uma sessão na Casa do Alentejo com leitura de poemas por Juan Gelman e Nuno Júdice, acompanhada de trechos musicais de Astor Piazzola, interpretados por Gonçalo Pescada. José Saramago interveio na sessão por video-conferência desde Lanzarote. O poeta e jornalista fez-se acompanhar pelo seu editor Alejandro Schnetzer, da editora Libros del Zorro Rojo que, a par da Fundação José Saramago, Embaixada da Argentina, Instituto Cervantes e Casa da América Latina, também promoveu esta visita.

No dia 3 de maio, na Sala José Saramago em Arrecife, no âmbito do ciclo El Autor y Su Obra – Encuentros com creadores, realizou-se um colóquio com Ángeles Mastretta (jornalistas e escritora mexicana) e Pilar del Río. O evento foi organizado pela Fundação César Manrique e pela Fundação José Saramago.

No dia 18 de junho, às 12h30m, José Saramago faleceu na sua casa em Lanzarote, acompanhado por sua família e amigos mais próximos.

No dia 19 de junho, o seu corpo regressou a Lisboa num avião do Estado Português, acompanhado pela família, pela Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e por amigos íntimos.

No dia 20 de junho, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, às 11h, realizou-se uma cerimônia, que contou com a presença de autoridades, críticos literários, escritores, amigos e próximos ao escritor. Às 12h30 o seu corpo foi cremado no Cemitério do Alto de São João.

José Saramago escrevia um romance sobre o tráfico de armas - a que chamou de Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!.



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(*) Essa cronobiografia foi composta com as informações postas no site da Fundação José Saramago e nos dados apresentados por João Marques Lopes no texto Saramago - Biografia publicado pela editora LeYa. Para editá-la entre em contato com o mantenedor do espaço.